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Novo perfil do jornalista e as mudanças no jornalismo

Pesquisa realizada pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) sobre o perfil do jornalista e as mudanças na profissão concluiu que os processos de produção jornalística foram profundamente impactados pelas transformações ocorridas nos meios de comunicação, por meio das novas tecnologias e da cultura de convergência midiática.

No estudo, concluído em 2013, um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho, orientado pela coordenadora Roseli Fígaro, entrevistou 538 jornalistas de São Paulo, o que corresponde a mais de 30% dos profissionais brasileiros da categoria. A pesquisa buscou identificar o que essas transformações representam em termos de mudanças no perfil do profissional e o que o jornalista pensa sobre o próprio trabalho.

De forma geral, a maioria dos jornalistas tem perfil socioeconômico de classe média, é jovem (até 30 anos), branco, do sexo feminino, não tem filhos, atua em multiplataformas e tem curso superior completo e especialização em nível de pós-graduação. Outras características comuns são a carga horária de trabalho – de oito a dez horas por dia – e faixa salarial de R$ 2 mil a R$ 6 mil.

Para Roseli, a reestruturação produtiva ocorrida no mundo do trabalho, principalmente a partir dos anos 1990, transformou as relações de trabalho, aumentando o número de jornalistas contratados sem registro em carteira profissional, e abriu caminho para novas formas de contratação, como a terceirização, contratos de trabalho por tempo determinado, contrato de pessoa jurídica (PJ), cooperados e freelancers, entre outros.

Dessa forma, esses profissionais sentem o peso das incertezas no mercado e não conseguem planejar suas vidas em termos econômicos e afetivos.

A pesquisa também verificou que, por conta dessa instabilidade financeira, as novas gerações se sindicalizam menos.

Outra questão analisada no estudo é a diferença entre gerações. Enquanto os mais jovens estão fora das redações, em trabalhos precarizados, os mais velhos migram para a coordenação das assessorias de comunicação.

Em relação à produção de conteúdo, Roseli Fígaro acredita que falta a compreensão de que o jornalista é o profissional que trabalha com os discursos das diferentes instituições e agentes sociais para devolvê-los aos cidadãos, de maneira compreensível. “A informação é um direito humano, consagrado pela nossa Constituição e pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Hoje, grande parte dos jornalistas encara a informação como uma mercadoria como outra qualquer e, em minha opinião, aí está o problema.”

Fonte: RSPRESS